NOME DE POBRE NO BRASIL

sexta-feira, 14 de abril de 2017

NEOLOGISMOS E ESTRANGEIRISMOS

NEOLOGISMOS E ESTRANGEIRISMOS Os dois às vezes são indispensáveis, mas há falantes que exageram. Zeca Baleiro debocha dos exagerados no samba Approach. https://www.youtube.com/watch?v=x7BVUxDw9H4
Venha provar meu brunch Saiba que eu tenho approach Na hora do lunch Eu ando de ferryboat... Eu tenho savoir-faire Meu temperamento é light Minha casa é hi-tech Toda hora rola um insight Já fui fã do Jethro Tull Hoje me amarro no Slash Minha vida agora é cool Meu passado é que foi trash... Venha provar meu brunch Saiba que eu tenho approach Na hora do lunch Eu ando de ferryboat...(2x) Fica ligado no link Que eu vou confessar my love Depois do décimo drink Só um bom e velho engov Eu tirei o meu green card E fui prá Miami Beach Posso não ser pop-star Mas já sou um noveau-riche... Venha provar meu brunch Saiba que eu tenho approach Na hora do lunch Eu ando de ferryboat...(2x) Eu tenho sex-appeal Saca só meu background Veloz como Damon Hill Tenaz como Fittipaldi Não dispenso um happy end Quero jogar no dream team De dia um macho man E de noite, drag queen... Venha provar meu brunch Saiba que eu tenho approach Na hora do lunch Eu ando de ferryboat...(7x)

quinta-feira, 13 de abril de 2017

ACENAR, CUMPRIMENTAR, APERTAR A MÃO

Dar as mãos, apertá-las ou acenar para cumprimentar são gestos surgidos da necessidade de mostrar ao outro que você não tinha pedras nas mãos e não ia atacá-lo. Era um sinal de "pak" ou "pax", paz, que por sua vez designou originalmente uma pedra ou acidente geográfico marcando um limite. O outro te impõe limites e você também impõe teus limites. Se há conflito, as duas partes precisam fazer negócio, "nec otium", negar o ócio, deixar a preguiça de lado e trabalhar para a paz, invocando o intérprete (de "inter pretium", que explicava o "pretium ", o preço, cono fazia com as mercadorias), capaz de te entender e entender o outro, precisando, pois, conhecer ao menos duas línguas, com o fim de resolver a rivalidade (luta pela água de um mesmo "rivus").
Entendida a questão, chamava-se a "testis" (testemunha) um "tertius" (terceiro), que jurava com as mãos no "testis" (do mesmo étimo de testículo). Uma vez que nas legislações antigas somente homens poderiam testemunhar, e, como todos usassem vestes longas, as testemunhas faziam uma trouxinha dos órgãos, mostrando que eram homens e podiam jurar. Este ato perdurou imemorialmente num gesto obsceno, mostrando que você é rude, não é erudito ("ex rude", aquele que deixou de ser rude), mas viu o que aconteceu e tem culhões para testemunhar. Uma outra pessoa, então, estava autorizada a ser juiz, "jus dicere", dizer o direito, tal como tinha ouvido na audiência ("audientia") e tinha visto ("vistum", cujo plural é "vista", daí a expressão "pedir vistas: no processo) e exarava a sentença, do Latim "sententia", do mesmo étimo do verbo "sentire", sentir. Nenhuma sentença é objetiva. É o que o juiz sentiu, depois de ouvir e ler ("legere", ler) sem "ex-legere" (nada fora dos autos, o que está "inclusus", incluso, do contrário será "exclusus", excluído, como as provas ilícitas ( obidas por tortura etc.). Por isso, mesmo no STF, as sentenças podem ser por 6 x 5. E daí, como em tudo na vida, entra a "fortuna ", a sorte, ou a "pecunia", quem tem mais "pecus", gado, para pagar aquele que foi chamado, o a"advocatus", advogado.

O BEIJO DE JUDAS: ELE TRAIU OU FOI TRAÍDO?

Para Carlos Vereza, que estreia "Iscariotes" em Petrópolis (RJ), dia 21.04.2017, com uma outra versão da " traição" de Judas, retomando indícios do que escrevera o gaúcho Danilo Nunes na década de 1970 num livro pouco lido: Judas não traiu! Foi traído. Assim, o um beijo de traição famoso, aquele que Judas deu no Horto das Oliveiras, não seria de traição. Horto e não jardim, como em algumas traduções, pois não era de flores de ornamentação, era de cultivo de ingrediente à vida na Palestina daqueles anos: o óleo de oliva estava presente nas casas, não apenas para a comida, mas também para iluminar as residências. Beijo veio do latim basium. Outras líguas neolatinas, como o italiano e o espanhol, grafam baccio e beso, respetivamente. E uma curiosidade japonesa marca este vocábulo, uma vez que os nipônicos referem-se ao beijo como kissu, do inglês kiss. É controversa a passagem dos Evangelhos sobre o beijo de Judas como sinal de identificação para trair Jesus Cristo por 30 dinheiros: "aquele a quem eu der um beijo na face, é ele; prendei-o". Outros foram mais prosaicos ao falar de beijos, como Ramón Gómez de la Serna: "ás vezes o beijo não passa de um chiclete partilhado". Cruzes, que nojo! Já seu quase sinônimo, ósculo, veio do latim osculum, boquinha. Designa o beijo pela forma que tomam os lábios ao serem contraídos, tornando a boca mais arredondada. O beijo pode não ser casto, aliás, raramente o é, mas o ósculo é pudico porque exclui a língua e não faz sucção, livrando-nos por conseguinte de certos desconfortos do carinho público, quando casais indiscretos nos obrigam a ouvir ruídos de desentupidores de pia, acompanhados de trilhas sonoras que semelham o barulho de locomotivas prestes a partir. Mas como a temperança parece ser a grande medida das coisas amorosas, é bonito o beijo dos amados em praça pública... (Mais em: DE ONDE VÊM AS PALAVRAS, 17a edição)